sábado, 29 de dezembro de 2012

Caçadores de gia


O Itiquira é um ótimo lugar para passar os fins de semana, não é a toa que tenho vindo para cá toda sexta-feira. Lembro-me de um sábado em que fui tomar uma na casa do amigo Anésio, fritamos umas gias que ele tinha caçado na noite anterior e “tome” tragos de Jamél. Aquela tarde havíamos tomado todas as cervejas do mundo, com a Jamél, ficou impossível continuar a prosa e acabei sem saber como se caçava a tal da gia.

Outro dia, durante a semana e já em Brasília, conversando com meu amigo Tarcísio, o assunto das gias veio à tona e ele me explicou como deveria ser o instrumento de caça. Segundo o Tarcísio, que é engenheiro – diga-se de passagem –,  era necessário confeccionar uma lança que possuísse varias pontas, cada uma com pequenos ganchos, como os que existem em anzóis. Tais ganchos teriam a finalidade de impedir que o animal escapesse após a lançada.

Por conta da conversa do engenheiro, quase desisti de me tornar um caçador. No entanto, esperei para, num dedo de prosa com o Anésio, esclarecer se as orientações a respeito da arma estavam corretas, a final, nunca tinha comido gia na casa do Tarcísio. E nada melhor do que verificação científica longe da Academia (certo Bruno?).

Noutra oportunidade, tomando uma novamente na casa do Anésio, o assunto da caçada apareceu novamente. Eu perguntei a ele como é que se caçava gia e se a referida lança era mesmo necessária. Ele, com a tranqüilidade de quem campana respondeu:

_ Não moço, precisa de lança não. Quer ver? Bora caçar a gia.

 Então saímos rumo ao brejo, água até as canelas, lanterna na mão e sem lança. Perguntei como é que a gente ia pega-las, ele disse que precisava de um galho, olhou ao redor, pegou um que tava largado na escuridão e arrancou as folhas. Com o galho acima da cabeça, falou:

_ Agora é só ficar quieto e ir andando.

 Em silêncio, fomos, Anésio, Walissom (filho dele) e eu, entrando cada vez mais no breu do brejo. De repente “LAP”, o orientador deu uma paulada no escuro, abaixou, pegou a gia na mão e entregou para eu carregá-la. Ainda estava viva, mas sem ânimo para tentar fugir. “LAP” outra paulada, outra gia. Voltamos, limpamos os bichos, fritamos e tomamos outros tragos de Jamél (eu prefiro Para Tudo, mas a gente tem que se engajar ao contexto).

Moral da história: Se não for lá, se não vivenciar, se não Praticar, a Academia serve para porra nenhuma.

2 comentários:

Eleandro disse...

Entre Gias e Jaméis vai aqui o meu abraço amigo e felicitações para o ano novo.
Tudo de bom!!!

Ah! "não moço, precisa lança não" Com isto, foi como se estivesse escutado a voz do Tarcisio. Ficou muito bom!! Aliás, vc está ficando bom nisso!

Tudo de bom!

Anônimo disse...

Nada mais claro do que uma constatação empírica! O Anésio é uma figura mesmo, eu devia estar presente.

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