O Itiquira é um ótimo lugar para
passar os fins de semana, não é a toa que tenho vindo para cá toda sexta-feira.
Lembro-me de um sábado em que fui tomar uma na casa do amigo Anésio, fritamos
umas gias que ele tinha caçado na noite anterior e “tome” tragos de Jamél. Aquela
tarde havíamos tomado todas as cervejas do mundo, com a Jamél, ficou impossível
continuar a prosa e acabei sem saber como se caçava a tal da gia.
Outro dia, durante a semana e já
em Brasília, conversando com meu amigo Tarcísio, o assunto das gias veio à tona
e ele me explicou como deveria ser o instrumento de caça. Segundo o Tarcísio,
que é engenheiro – diga-se de passagem –, era necessário confeccionar uma lança que possuísse
varias pontas, cada uma com pequenos ganchos, como os que existem em anzóis. Tais
ganchos teriam a finalidade de impedir que o animal escapesse após a lançada.
Por conta da conversa do
engenheiro, quase desisti de me tornar um caçador. No entanto, esperei para,
num dedo de prosa com o Anésio, esclarecer se as orientações a respeito da arma
estavam corretas, a final, nunca tinha comido gia na casa do Tarcísio. E nada melhor
do que verificação científica longe da Academia (certo Bruno?).
Noutra oportunidade, tomando uma
novamente na casa do Anésio, o assunto da caçada apareceu novamente. Eu perguntei
a ele como é que se caçava gia e se a referida lança era mesmo necessária. Ele,
com a tranqüilidade de quem campana respondeu:
_ Não moço, precisa de lança não.
Quer ver? Bora caçar a gia.
Então saímos rumo ao brejo, água até as
canelas, lanterna na mão e sem lança. Perguntei como é que a gente ia pega-las,
ele disse que precisava de um galho, olhou ao redor, pegou um que tava largado
na escuridão e arrancou as folhas. Com o galho acima da cabeça, falou:
_ Agora é só ficar quieto e ir
andando.
Em silêncio, fomos, Anésio, Walissom (filho
dele) e eu, entrando cada vez mais no breu do brejo. De repente “LAP”, o
orientador deu uma paulada no escuro, abaixou, pegou a gia na mão e entregou
para eu carregá-la. Ainda estava viva, mas sem ânimo para tentar fugir. “LAP”
outra paulada, outra gia. Voltamos, limpamos os bichos, fritamos e tomamos
outros tragos de Jamél (eu prefiro Para Tudo, mas a gente tem que se engajar ao
contexto).
Moral da história: Se não for lá,
se não vivenciar, se não Praticar, a Academia serve para porra nenhuma.
2 comentários:
Entre Gias e Jaméis vai aqui o meu abraço amigo e felicitações para o ano novo.
Tudo de bom!!!
Ah! "não moço, precisa lança não" Com isto, foi como se estivesse escutado a voz do Tarcisio. Ficou muito bom!! Aliás, vc está ficando bom nisso!
Tudo de bom!
Nada mais claro do que uma constatação empírica! O Anésio é uma figura mesmo, eu devia estar presente.
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