Prólogo
Em um diálogo com um cristão, após alguns apontamentos sobre o cristianismo, ocorreu, como em qualquer apontamento mesmo não religioso, a migração dos argumentos - ditos, e não escritos, diga-se de passagem - do dogmático.
Mas dessa vez algo diferente aconteceu, algo que não imaginei que pudesse acontecer.
Quando penso no primeiro dos cristãos - e talvez único - preferindo a morte a desmentir: “Eu sou a verdade.”; chego a conclusão de que não fazem mais cristão como antigamente. Se o que eu descreverei aqui for padrão entre os seguidores de Cristo, os de hoje são melhores!

Diante de um diálogo sobre as vantagens e desvantagens da religião cristã, sabem o que o religioso fez?
Pasmem!!
Mudou de religião!!!
Agora respondam-me sinceramente, vocês acreditam numa coisa dessas?
Meus ouvidos ouviam, meus olhos viam e, diferente de Maomé, eu não acreditava!
Se vocês estão perguntando qual a religião atual do ex-cristão, acho que, por hora, não é relevante (se for preciso vou chamá-la de Desinteressantismo), o que quero dizer é que este ocorrido cativou em mim a vontade de apontar um pouco para as religiões de um modo geral. Motivo das palavras que seguem.
A incompatibilidade
Alguns modelos científicos* divergem fundamentalmente entre si em suas interpretações da Natureza. Porém eles possuem algo em comum que os difere da maioria dos demais modelos, e de todos os modelos mitológicos (o que engloba os religiosos): Leis Físicas têm associadas a elas um Universo homogêneo e isotrópico.
O Homem Científico constrói modelos - como Newton com a Mecânica Newtoniana e a Gravitação Universal** - fundados a partir de Leis universais com objetivo de que eles tenham validade em qualquer lugar no tempo e no espaço. Portanto Modelos Científicos para quaisquer Objetos são, inevitavelmente, impelidos a admitir a homogeneidade do Universo.
Para a Física qualquer causa terá o mesmo efeito independente da ordenação (sistema de coordenas) escolhida, isso impede (a princípio) que o mesmo fenômeno tenha, para referenciais diferentes e num dado momento, efeitos não-coexistêntes. Não há direção priorizada. Portanto da perspectiva da Ciência o Universo é isotrópico.
Para o homem religioso o espaço (Universo) é dividido entre duas ou mais regiões (regiões sagradas e profanas) que seguem alguma hierarquia** e orientação***.
O Universo religioso não é homogêneo, pois possui naturezas (sagradas e profanas) diferentes entre si, nem isotrópico, pois é interfaceado, o que caracteriza a priorização de uma ou mais direções.
Portanto ou o Universo é religioso, ou é Científico. Ou ainda - o que é provável - nenhum dos dois.
É falacioso dizer que Religião e Ciência podem coexistir.
Muitos se intitulam "Científicos" e acreditam na coexistência dos dois pontos de vista a respeito da Natureza. Em ambos os aspéctos estão enganados.
O Desinteressantismo é desinteressante e desnecessário.
*Os Modelos Físicos, devido a suas precisões, são as melhores explicação para fenômenos observáveis, porém não são a verdade. Em algumas situações é interessante adotar um deles, e em outras, outro.
**Antes de Newton acreditava-se numa ruptura no Universo que separava o que eles chamavam de Mundos sobre lunar, onde os objetos e os movimentos eram perfeitos (esferas e círculos) e sublunar onde os objetos e os movimentos eram imperfeitos (formas amorfas e trajetórias interrompidas), que eram regidos por Leis Físicas diferentes, a Mecânica e a Gravitação unificaram todos os movimentos dos astro celestes com o movimento mais comum na terra, a queda (sugestão: ler o texto "A queda é livre?").
***O que define a ordenação dessas regiões é, em geral, associado com conceitos subjetivos a cada uma delas, pode ser “bem” e “mal”, “certo” e “errado”, “perfeito” e “imperfeito”, entre outros.
5 comentários:
só tem uma coisa mais chata que um evangélico fervoroso: um ateu fanático...
os dentes caindo e ainda nessa... dá dó...
Postar aqui pode? hehehe
Ah sim! Só pode falar do texto né? então lá vai:
É CHATO PRA CACETE!!!!!! NUNCA LI NADA TÂO CHATO!!
é claro que não tem nada a ver com vc ser chato pra cacete... hehehe
Zé Júnior
Apesar de não ter interesse quanto ao seu preconceito ao meu respeito, não se acanhe. Continue desabafando. Desculpe não apontar aqui o seu erro conceitual a respeito do que significa ser ateu, quanto a isso sugiro que você leia o seguinte texto:
http://ceacredita.blogspot.com/2010/06/quantas-vezes-nos-ateus-somos.html
Esse texto que você comentou é técnico, e não artístico. Talvez por isso pareça chato pra você. Existem outros que, possivelmente lhe agradarão, são os postados pelo Kamp.
Seja bem vindo, e continue participando.
Quanto ao que você "pode" ou "não pode", nada tem a ver com o que eu acho que você "deve" ou "não deve". Mas o seu "hehehe" demonstra que você já sabe disso não é mesmo?
Não sou esse outro anônimo aí de cima, sou um estudante de física. Gostaria de levantar alguns pontos para que vc reconsidere seus argumentos:
1)Existem teorias físicas que se baseiam na anisotropia.
2)Nem todas as religiões defendem a existência de naturezas diferentes.
3)Nas teorias físicas atuais há duas possibilidades de naturezas físicas diferentes coexistindo, mesmo que inteligadas. Estas formas são: planos de existência em Universos parcialmente independentes(Teoria M), e a própria teoria quântica, para a qual diferentes níveis de densidade energética apresentam dinâmicas distintas por balanceamento e divisão de diferentes forças.
Há muita dúvida e muita abstração envolvidas nas atuais teorias tanto físicas quanto religiosas para crer-se tão absolutamente numa divisão plena. O debate sobre o tema é interessante, mas requer muito mais aprofundamento do que os lugares-comuns que se encontram em conversas de bar.
Colega estudante,
É necessário – se considerarmos as “conversas de bar” algo negativo – manter uma terminologia metodológica-cientifica. O termo Teoria tem origem no grego θεωρία que significa contemplar, olhar, examinar.
Alguns “físicos” intitulam suas hipóteses como Teorias, mesmo sem as mesmas serem experimentáveis. Há, por exemplo, um erro conceitual terminológico que, por influencia cultural das vivências de “bar”, é muito comum inclusive entre físicos: a “Teoria do Big Bang”, cientificamente, não é Teoria, é hipótese. Porém, por influencia dos “bares” da vida, é adotado o termo “Teoria” no lugar de “hipótese”, o mesmo ocorre com a “Teoria M”, citada por você.
Quanto a Teoria Quântica sugiro que procure a interpretação de Copenhague, essa interpretação converge com o que expus no texto acima. Você pode encontra-la no livro “Física e Filosofia” do Heisenberg.
Acho que, por enquanto, isso basta pra demonstrar as falhas nos seus argumentos 1 e 3.
Quanto ao argumento 2, sou obrigado a admitir minha ignorância, porém peço que site ao menos uma religião que adote um Universo isotrópico para que eu possa me convencer de que minha opinião é realmente um preconceito de “bar”.
Referente as “conversas de bar”, eu diria que é no “bar” que se encontra o pensamento originário, livre de paradigmas religiosos e universitários, sobre isso sugiro que leia o texto “Por que fiquei na província” do filósofo Martin Heidegger.
Quanto ao anonimato, claramente você não é como o outro “anônimo”, por que o outro, não é anônimo.
Seja bem vindo e não se preocupe, dessa vez eu “pago a conta”.
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